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O Quintal da Cacha�a, site rec�m-lan�ado, � o primeiro clube de assinatura do pa�s dedicado � cacha�a. O servi�o oferece a entrega de duas garrafas de cacha�a artesanal, uma prata e uma ouro. As garrafas s�o tamanho long neck e o valor mensal da assinatura � de R$ 59,90. Junto das cacha�as s�o entregues aos assinantes dois cart�es postais: um com a hist�ria da cidade/regi�o onde a bebida � produzida, e outro com a hist�ria do alambique e uma an�lise sensorial feita pelo especialista Leandro Marelli. Os idealizadores s�o tr�s campineiros, Thiago Tavares, internacionalista, Giuliana Wolf, jornalista, e Roque Wolf, empres�rio.
A ideia surgiu ap�s uma viagem que Tavares fez � Paraty, Rio de Janeiro, cidade cuja hist�ria est� entrela�ada � da cacha�a. �Visitei todos os alambiques em um final de semana por turismo. No entanto, quando voltei � Campinas, tive muita dificuldade de encontrar os r�tulos, mesmo se tratando de marcas famosas. A� que a ideia come�ou a engatinhar�, explica Thiago, um dos s�cios-fundadores. De acordo com dados de 2012 do Centro Brasileiro de Refer�ncia da Cacha�a (CBRC), a cacha�a � o terceiro destilado mais consumido no mundo. Ainda assim, Tavares aponta que n�o � t�o simples encontrar uma cacha�a de alambique em qualquer bar ou supermercado. Depois de algumas pesquisas, percebeu que um dos problemas era a distribui��o, etapa que encarece muito a produ��o da cacha�a. �O pequeno produtor mal consegue distribuir em sua regi�o, de forma que quem quer provar v�rias cacha�as, s� consegue isso viajando at� o pr�prio alambique. A visita � v�lida, mas a quest�o � que deveria ser mais f�cil encontrar um produto que � brasileiro.�, explica Tavares. Al�m disso, 98% dos produtores de cacha�a est�o classificados como pequeno ou micro-empres�rios, ainda de acordo com o CBRC, o que d� pouca margem para grandes investimentos em propaganda e distribui��o, por exemplo.
Pensando nisso, o Quintal da Cacha�a foi estruturado para simplificar o processo para quem est�, de alguma forma, envolvido com a bebida. Para o produtor, isso significa n�o se preocupar com transporte e divulga��o da marca dele; para o assinante, a comodidade de receber em casa duas garrafas de cacha�a artesanal e de qualidade. �Pensamos no pequeno produtor, que em geral n�o tem como viabilizar sua divulga��o e distribui��o. Possibilitamos, ent�o, que a cacha�a dele chegue at� novos apreciadores, que acabam conhecendo um mundo de sabores a um pre�o justo, at� ent�o de dif�cil acesso. Atualmente, o Quintal da Cacha�a est� presente em 15 estados brasileiros, o que mostra aos produtores possibilidades de distribui��o at� ent�o impens�veis. Isso � algo in�dito no mercado da cacha�a�, explicou Roque, s�cio cuja experi�ncia de mais de 15 anos com distribui��o foi usada para o planejamento dessa fase.
Mas a distribui��o n�o � a �nica das barreiras. Segundo Thiago Tavares, mesmo quando se encontra um restaurante ou bar que venda v�rios r�tulos de cacha�as, dificilmente algu�m do lugar entende do assunto. �Temos que considerar que hoje a cacha�a pode ser envelhecida em mais de 30 tipos de madeira e que cada uma delas d� uma textura, cor e sabor diferentes. Por isso, n�o adianta encontrar uma carta de cacha�as, por exemplo, que n�o tenha sequer a descri��o de em qual madeira a bebida foi envelhecida ou armazenada. E se n�o h� ningu�m no estabelecimento que entenda ou goste do assunto, a escolha ser� ��s cegas��, ressaltou Tavares, explicando que esse � um dos prop�sitos do clube: oferecer uma curadoria, al�m de explicar para o assinantes quais s�o as peculiaridades de cada r�tulo e o porqu� dele ser especial.
O clube criou, ent�o, uma maneira para sanar essa falta de informa��o entre seus assinantes. O especialista Leandro Marelli, que desenvolveu pesquisas sobre Tecnologia de Bebidas e Controle de Qualidade e Bebidas Alco�licas na USP, � o respons�vel por avaliar sensorialmente os r�tulos antes do envio aos assinantes e fazer uma ficha t�cnica sobre cada uma das bebidas. Segundo Marelli, essa avalia��o permite que a experi�ncia de conhecer a cacha�a fique ainda mais rica. �V�rios alambiques espalhados pelo Brasil t�m uma hist�ria incr�vel, mas � preciso que junto da hist�ria esteja a qualidade, por isso essa etapa � essencial�. A an�lise dos aspectos visuais, olfativos e gustativos apresenta os pontos fortes e � se houver � fracos de cada cacha�a. Na pr�tica, a an�lise permite que Marelli recomende o modo de consumo como em doses ou em drinques, al�m de deixar mais percept�vel quais pratos ou petiscos cairiam bem com aquela bebida, propondo uma harmoniza��o aos associados.
O Mercado da Cacha�a
A cacha�a � hoje o destilado mais consumido no Brasil e o terceiro no mundo. Para os tr�s s�cios, a partir do momento em que se estabeleceu que s� poderia ser denominada cacha�a a bebida que fosse produzida a partir do mosto fermentado da cana-de-a��car e em territ�rio brasileiro, essas informa��es ganharam imensa import�ncia. De acordo com dados de 2012 do CBRC (Centro Brasileiro de Refer�ncia da Cacha�a), 30% da cacha�a hoje adv�m de produ��o artesanal, em alambique, enquanto os outros 70% se tratam das cacha�as de coluna, industriais.
Estima-se que haja mais de 40 mil alambiques espalhados pelo Brasil, no entanto, apenas 4 mil marcas constam no registro do MAPA (Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento). O �rg�o � respons�vel por fiscalizar e garantir boas pr�ticas de produ��o, assegurando, por exemplo, que as cacha�as produzidas por esses alambiques tenham gradua��o alco�lica entre 38% vol. a 48% vol. a 20�C e que tenham no m�ximo 6g/L de a��cares.
Todas as medidas para garantir a qualidade, aos poucos, mudam a vis�o do brasileiro sobre a cacha�a. Hoje, a m�dia de consumo de cacha�a anual � de 11,5 L por habitante. Segundo Tavares, estima-se que o mercado da cacha�a movimente cerca de 7 bilh�es de reais por ano, sendo que apenas 1% de toda a sua produ��o seja exportada.
O Legado Cultural da Cacha�a
Al�m de apreciadores da bendita, os tr�s s�cios acreditam no legado cultural e hist�rico da cacha�a, bebida ainda estigmatizada por grande parte da sociedade. Uma das raz�es para isso, aponta Giuliana, � a maneira como ela era consumida na �poca da escravid�o. �Para o negro, que veio, for�ado, trabalhar no Brasil e tinha que suportar os maus-tratos, trabalho intenso, al�m da saudade da fam�lia, a cacha�a era o consolo. N�o � toa, os senhores de engenho e fazendeiros forneciam a bebida livremente, justamente para que ela funcionasse como esp�cie de �sedativo��.
Ainda assim, observa que hoje existem v�rios movimentos em prol do resgate do valor cultural da cacha�a e um trabalho de reconhecimento das propriedades da bebida. �O n�mero de pesquisadores que t�m surgido nesse meio est� crescendo, tal como os estudos publicados sobre a cacha�a. Na ESALQ, por exemplo, h� um laborat�rio onde pesquisadores se dedicam a examinar amostras de cacha�a. O Mapa da Cacha�a, refer�ncia cultural no assunto, � outro �timo exemplo, al�m da cria��o da C�mara Setorial da Cadeia Produtiva da Cacha�a, em 2006. Isso sem contar os cursos para cachaciers, forma��o de mestres cachaceiros e at� mesmo de degusta��o que come�aram a existir. Esses n�meros, claro, ainda t�m que crescer, mas j� � um come�o que nos faz ficar otimistas, pois vemos que a aceita��o, aos poucos, vai aumentado�, avaliou Giuliana.
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