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Redação Bebidas e Afins
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Ficar bêbado pode ser mau negócio quando se está só, afinal, alguém com péssimas intenções pode se aproveitar da sua condição vulnerável. Pensando nas muitas jovens estupradas todo ano em festas e bares, um grupo de estudantes da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, desenvolveu uma pulseira que pode impedir que meninas se coloquem em uma situação de risco na balada.
— Vive é um acessório inteligente com sensores integrados que monitoram as taxas do usuário relacionados ao consumo de álcool e o mantém conectado aos amigos que estão na festa, para que os colegas saibam quando houver algo de errado — dizem os criadores do projeto em sua descrição on-line.
O tal dispositivo, batizado Vive, é capaz de alertar os amigos do usuário quando ele bebeu além da conta. O acessório conta com sensores que monitoram os níveis de álcool e de desidratação do corpo. Quando o sistema percebe que a pessoa está bebendo, a pulseira vibra como que fazendo a pergunta: “Tudo bem?”. Para responder, basta pressionar o acessório. Se o usuário não faz isso, a pulseira entende que ele perdeu o controle e se comunica com as pulseiras de seus amigos, fazendo-as tremer.
A ideia é que os amigos, então, procurem o colega ébrio para evitar que algo de mal aconteça a ele. Mas essa não é a única utilidade do acessório, apresentado numa grande feira tecnológica promovida pela Microsoft em San Diego, na Califórnia.
A pretensão dos desenvolvedores é criar uma rede social formada pelos usuários da pulseira. Os jovens podem “adicionar” amigos ao seu círculo social apenas tocando uma pulseira na outra. Tipo assim: se você conhecer uma pessoa numa boate e quiser ficar em contato com ela depois, basta um “brinde” entre as suas pulseiras. Acabou esse negócio de “como eu te acho no Facebook?”.
Produtora de uma das festas mais bem-sucedidas do Rio, a Sex Tape, a carioca Graziella Ximenes acredita que a ideia da pulseirinha-alarme pode funcionar.
— Tento respeitar os limites do meu corpo, mas, é claro, já passei da conta e teria sido ótimo poder evitar a ressaca física e moral do dia seguinte — comenta Graziella.
Alguns críticos do projeto alegam que, apesar de muito engenhosa, talvez a ideia não funcione na prática. Há chance do usuário não notar que a pulseira está vibrando, se ele estiver dançando na pista muito animadamente. Será que não seria mais fácil simplesmente contar com o toque de um amigo sensato para avisar se você bebeu demais? A estudante Luana Bouvié, que costuma frequentar boates e bares na Zona Sul ou no Centro do Rio, prefere se precaver e não exagerar na bebida, e sair sempre acompanhada de amigos.
— Vamos e voltamos todos juntos — explica Luana, que não gostou da pulseira. — Nós, mulheres, vivemos num mundo em que temos que nos privar de várias coisas para não corrermos o risco de algo acontecer conosco, e isso é errado. Não se deve ensinar a mulher a como não ser estuprada, e sim, aos homens a não estuprar.
O conceito do objeto partiu de uma conversa dos alunos da Universidade de Washington com o grupo Ativistas Contra o Abuso Sexual e a Violência Doméstica (SARVA). Durante o papo, eles descobriram que, em metade dos casos de abuso sexual que acontecem com estudantes universitários, a vítima ou o agressor estão embriagados.
— Nosso objetivo é intervir nas situações de risco, movidas a álcool, para reduzir o índice de agressões sexuais e manter os jovens seguros, sem acabar com a parte divertida da noite — justificam os criadores do acessório em outro trecho do projeto. — Com a pulseira, estamos intervindo antes que as circunstâncias fiquem favoráveis ao predador e que a vítima seja tirada do conforto da sua rede de amigos.
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